“Mandacaru fulorou na seca, é o sinal que a chuva deve chegar no sertão. Na região do sisal.

“Mandacaru quando fulora na seca, é o sinal que a chuva chega no sertão”, como dizia Luiz Gonzaga em O xote das Meninas, expressão da sabedoria popular que persiste na memória do povo.

No sertão, a flor do mandacaru traz um alento ao homem do campo em meio à seca. Conhecido como um dos sinais da natureza que indicam a chegada da chuva, o desabrochar da flor do mandacaru reacende a fé dos agricultores e criadores. “Mandacaru quando fulora na seca, é o sinal que a chuva chega no sertão”, como dizia Luiz Gonzaga em O xote das Meninas, expressão da sabedoria popular que persiste na memória do povo.

O município de Barrocas, localizado no Território do Sisal, interior da Bahia enfrenta uma situação crítica com reservatórios secos e caminhões-pipas tentando minimizar o sofrimento. A falta de chuva atinge pequenos tanques de chão e grandes açudes, comprometendo  plantações da agricultura familiar e a criação de animais. Porém, as flores do mandacaru, registradas por diversos moradores, são vistas como um presságio de que a tão aguardada trovoada está a caminho.

Fotos enviadas ao JNV mostram pés de mandacaru floridos em várias comunidades. Segundo os mais velhos, a florada é um dos indícios mais confiáveis da chegada das chuvas no sertão. “Olha que coisa linda anunciando o bom tempo que tá chegando”, compartilhou emocionado o senhor Davi. Ele lamentou que tanques do município encontram-se ainda com lama.  

Enquanto aguardam o retorno das águas, a fé nos sinais da natureza mantém o sertanejo resiliente. O mandacaru, mais que planta símbolo do semiárido, reafirma o elo entre homem e terra, prometendo renovar o ciclo da vida no campo. 

Luiz Gonzaga interpreta o Xote das Meninas que traz na letra a flor do mandacaru o prenuncio da chegada das chuvas no sertão. Essa é a crença dos sertanejos. As flores do mandacaru são exuberantes e possuem a cor branca que se destaca principalmente durante à noite.

Devido a sua resistência à seca nordestina, esta planta se tornou um símbolo de força. Usada em projetos paisagísticos. O fruto, vermelho, se destaca entre o verde dos ramos e amadurece entre os meses de março a abril. Comestível, é muito apreciado pelo sabor adocicado. De novembro a janeiro apresenta flores brancas, com uma peculiaridade: elas florescem à noite e, logo pela manhã, murcham. Por isso, também é conhecida como flor-da-noite.

“O sinal do mandacaru florado nos traz muitas esperanças e nos alegra. Veja as nuvens como estão cheias. Vamos ter mais chuva. Mandacaru florou e escutamos no rádio que está chovendo no sertão e com a chuva o sertanejo alivia muitas amarguras e comemora uma boa colheita. Como bem disse Patativa do Assaré, “Pra gente aqui sê poeta basta vê um poema em cada galho e um verso em cada flor””, finaliza Luiz do Humaytá.

Em geral, a flora da Caatinga tem características peculiares, apresentando uma estrutura adaptada às condições áridas, por isso são chamadas xerófitas, o que as permite resistir ao clima quente e à pouca quantidade de água. São características como: folhas miúdas, cascas grossas, espinhos, raízes e troncos que acumulam água, que são estratégias tanto para evitar a evapotranspiração intensa quanto para possibilitar o armazenamento de água. As espécies conseguem, assim, lidar com os meses de seca, rebrotando completamente após as primeiras chuvas. Por isso, a vegetação da Caatinga tem aspectos bem diferentes durante o período seco e o chuvoso.

Há cerca de 1.000 espécies vegetais no bioma, dentre as quais 318 são endêmicas, e onde se destacam plantas como cactos (mandacaru, xique-xique e facheiro), bromélias e leguminosas (catingueiras, juremas e anjicos). Árvores que armazenam água, como a barriguda e o umbuzeiro, também fazem parte dessa rica flora. 

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