Covid está infectando 37 milhões de pessoas por dia na China, hospitais estão lotados, diz site

Quase 37 milhões de pessoas na China podem ter sido infectadas pelo SARS-CoV-2 (o vírus causador da Covid-19) em um único dia nesta semana. O dado foi divulgado pelo site norte-americano Bloomberg News, nesta sexta-feira (23), citando estimativas da principal agência de saúde do governo chinês, a Comissão Nacional de Saúde de China. Ainda segundo o relatório obtido pelo site, cerca de 248 milhões de pessoas (quase 18% da população do país) provavelmente contraíram o vírus nos primeiros 20 dias de dezembro. A flexibilização das medidas restritivas e a baixa cobertura vacinal de dose de reforço e entre os idosos são apontadas como fatores principais para a explosão da Covid na China. “Estudos científicos já mostraram que os idosos chineses não gostam de vacinar, porque seguem a medicina tradicional chinesa, que não inclui vacina. Esse é um ponto muito importante. É outra cultura”, explica o infectologista Alexandre Naime Barbosa. Na quinta (22), o secretário de Estado americano, Antony Blinken, pediu, que a China compartilhe informações sobre o surto de Covid registrado no país, e reforçou a oferta de compartilhar vacinas americanas. “É muito importante que todos os países, inclusive a China, se concentrem em que as pessoas se vacinem, que os testes e o tratamento estejam disponíveis e, o que é mais importante, que compartilhem informação com o mundo sobre o que estão vivenciando porque tem implicações não só para a China, mas para o mundo inteiro”, disse Blinken durante coletiva de imprensa.

Os hospitais na China parecem estar lotando em meio a preocupações com a nova onda de covid-19 que atinge o país, advertiu a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Michael Ryan, chefe de emergências da OMS, afirmou que as Unidades de Terapia Intensiva (UTI) estão ocupadas, apesar das autoridades dizerem que os números são “relativamente baixos”.

Os dados oficiais mostram que ninguém morreu de covid na quarta-feira (21), mas há ceticismo em relação ao real impacto da doença.

Nos últimos dias, hospitais em Pequim e em outras cidades ficaram lotados, à medida que a nova onda de covid atinge o país.

Desde 2020, a China impôs restrições rigorosas como parte de sua política de “covid zero”.

Mas o governo suspendeu a maioria dessas medidas há duas semanas, após protestos históricos contra os controles rígidos.

Desde então, o número de casos disparou, levantando temores em relação a uma alta taxa de mortalidade entre os idosos, que são particularmente vulneráveis.

Apesar do aumento, os números oficiais mostram que apenas cinco pessoas morreram de covid na terça-feira (20/12), e duas na segunda-feira (19).

Isso levou o chefe de emergências da OMS, Michael Ryan, a fazer um apelo à China para que forneça mais informações sobre a nova onda de propagação do vírus.

“Na China, o que foi reportado (oficialmente) é um número relativamente baixo de casos em UTIs, mas os relatos são de que as UTIs estão lotando”, afirmou.

“Temos dito isso há semanas, que esse vírus altamente contagioso sempre será muito difícil de deter completamente, apenas com saúde pública e medidas sociais”.

Em sua entrevista coletiva semanal em Genebra, o chefe da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, declarou que está “muito preocupado com a evolução da situação na China”.

Ele pediu dados específicos sobre a gravidade da doença, internações hospitalares e a necessidade de terapia intensiva.

Ryan acrescentou que “a vacinação é a estratégia para escapar” dos surtos de coronavírus.

A China desenvolveu e produziu suas próprias vacinas, que demonstraram ser menos eficazes na proteção das pessoas contra doenças graves e morte por covid do que as vacinas de mRNA usadas em grande parte do resto do mundo.

As declarações dele foram feitas enquanto o governo alemão anunciou na quarta-feira que havia enviado seu primeiro lote de vacinas BioNTech contra covid-19 para a China.

As vacinas alemãs devem ser aplicadas inicialmente em expatriados na China — estima-se que haja cerca de 20 mil.

É a primeira vacina estrangeira contra a covid-19 a ser entregue na China, embora não tenham sido divulgados detalhes sobre quando vai chegar ou o tamanho da remessa.

No mês passado, durante uma visita a Pequim, o chanceler alemão, Olaf Scholz, fez pressão para que a vacina também fosse disponibilizada gratuitamente aos cidadãos chineses.

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