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No final da tarde deste domingo (18/02), uma adolescente identificada como Luíza Fernanda Gama Pinheiro, de 17 anos, morreu em decorrência de uma descarga elétrica em seu celular no município de Riacho Frio, no Sul do Piauí. De acordo com informações de familiares, Luíza estava com o celular na mão, com o fone de ouvido e conectado ao carregador quando recebeu uma descarga elétrica, por conta dos relâmpagos que caíam na região. O tio de Luíza afirmou que a jovem não perdeu o sentido imediatamente e chegou a falar que estava ‘doendo muito’. Sem ambulância para socorrer a vítima, ela foi atendida de imediato por um médico da cidade, que chegou a fazer massagem no tórax para tentar reanimá-la. Entre sua casa e o Hospital Regional de Corrente leva-se um período de duas horas. Segundo os enfermeiros de plantão, Luíza Fernanda já chegou ao local sem vida.
Morte de menina mostra perigo de usar celular ligado à tomada
A morte de uma menina de 11 anos após sofrer uma parada cardiorrespiratória, na última segunda-feira (19), no Distrito Federal, em decorrência de choque elétrico enquanto utilizava o celular com o aparelho ligado à tomada chamou a atenção para os risco da prática. A garota, que não teve o nome divulgado, foi atendida no Hospital Regional de Ceilândia por três pediatras, um cirurgião e um profissional da clínica médica, segundo a Secretaria de Saúde. Ela foi submetida à reanimação cardiopulmonar durante uma hora e dez minutos, mas não sobreviveu.
A família informou aos médicos que a menina levou um choque enquanto jogava em um aparelho celular ligado à tomada. Segundo a capitã Juliana Leal, do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, a situação se agravou porque houve sobrecarga de energia. “O chão estava molhado e eles botaram um ventilador e um celular na mesma tomada e a menina tomou um choque fatal”, disse.
“As pessoas devem ter cuidado quando forem arrumar a casa para não deixar que a fiação entre em contato com a água. É importante também ter cuidado com as tomadas e não deixar sobrecarregar. Quando o carregador está estragado ou há problema de instalação elétrica, potencializa o risco de choque”, afirma Juliana.
Segundo a engenheira elétrica Marylene Roma, professora do Instituto Federal de Brasília, o risco de usar o celular ligado à tomada aumenta quando a instalação elétrica da casa está deteriorada. “Usar uma extensão, em que a gente coloca quatro, cinco equipamentos, é muito perigoso, pois sobrecarrega a tomada. Às vezes, colocamos até dez vezes mais carga que o suportado por uma tomada”, disse.
“O equipamento que a criança estava usando, nesse caso, era um celular, mas ela podia estar com um videogame e ter acontecido a mesma coisa”, acrescenta Marylene. A professora recomenda que a instalação elétrica da casa seja revisada regularmente por um profissional especializado. “Não se deve atender o celular [ligado] na tomada, nem puxar o cabo do aparelho enquanto carrega ou usar baterias e carregadores que não sejam originais”, destaca Marylene.
A professora também orienta carregar a bateria de celulares longe de locais inflamáveis e evitar ligar aparelhos nas tomadas do banheiro enquanto o chuveiro estiver ligado, pois a umidade aumenta os riscos de acidente. “A recomendação é colocar em lugares que, se acontecerem curto-circuito e incêndio, não prolifere fogo pela casa inteira. Colocar longe de cadeiras, mesas, camas - o que a gente faz regularmente. Mas é melhor colocar no chão e bem longe de um local inflamável”, completa.
Se mesmo após tomar todos os cuidados necessários uma pessoa levar choque, a primeira recomendação do Corpo de Bombeiros é desligar a rede elétrica e desprender a vítima da fonte de energia com um objeto isolante, como um cabo de madeira. Em seguida, verificar se a vítima está respondendo.
Caso ela responda, deve ser encaminhada imediatamente para o hospital. Se não, além de chamar socorro, deve-se iniciar a massagem cardíaca, pois a vítima pode estar em parada cardiorrespiratoria. A corporação diz também que nunca se pode ter contato na vítima sem os devidos cuidados: ao tocar numa pessoa que está sofrendo uma descarga elétrica, a energia pode ser transmitida e fazer com que o socorrista também seja eletrocutado.
A estudante Kátia Valéria, 19 anos, diz que não sabia dos riscos de usar o celular ligado à rede elétrica. “Quando o celular está na tomada, sempre recebo mensagem, dá vontade de entrar nas redes sociais e não resisto: uso, mesmo carregando”, conta. Agora, ela garante que vai tomar mais cuidado. “É melhor esperar um pouco. Se for muito urgente, tirar da tomada para usar, porque é mais seguro”.
Choques, explosões e queimaduras: por que celulares podem provocar acidentes graves. O caso da aeromoça chinesa Ma Ailun, de 23 anos, que morreu eletrocutada após atender seu iPhone enquanto ele estava ligado à tomada, ganhou novos detalhes, mas continua sem grandes explicações tanto da Apple quanto da polícia local. Na Suíça, uma jovem teve a perna queimada após seu celular, um Samsung Galaxy S3, ter explodido enquanto estava no bolso da calça. A notícia da morte da chinesa veio acompanhada de um alerta, orientando a não usar aparelhos celulares enquanto estão sendo carregados; a da suíça reacendeu a dúvida: estamos andando com uma pequena bomba junta ao corpo todos os dias?
Vamos primeiro aos fatos e depois às teorias. Ma Ailun mora na cidade de Changji, na província de Xinjiang, a noroeste do China. A família teria informado que o aparelho, um iPhone – há relatos que se contradizem sobre o modelo, mas ao que tudo indica se tratava de um iPhone 5 –, fora comprado em dezembro do ano passado e se tratava de um aparelho original. Mais recentemente, uma emisorra de TV local obteve a informação também com a família de que o carregador poderia não se tratar de um equipamento autêntico. Ma Ailun teria também atendido o celular após sair do banho.
A Associação de Consumidores do país asiático fez um alerta no mês de maio sobre a “inundação” de carregadores sem certificação de segurança no mercado chinês. Sem meias palavras, a organização falava que carregadores falsos poderiam transformar aparelhos eletrônicos em “granadas de bolso”. Além disso, uma das suspeitas é de que o carregador seja compatível apenas com o padrão de 100 volts de Hong Kong, Taiwan e Japão e não com os 220 volts da China continental – mas a razão do “choque” ter ocorrido depois de 7 meses de uso anula a força desse fator para a investigação.
Carregadores de celular geram corrente de 1 ampere (amp) e voltagem de 5 volts. A carga necessária para a morte por eletrocução é de 7 miliamperes (ou seja, 0,007 amp), durante três segundos, afetando diretamente o coração e, assim, alterando o ritmo do seu batimento. Todo e qualquer tipo de corrente elétrica que atinge algum ser humano sofrerá ainda outro fator em jogo: a resistência (contada em ohm) do corpo que, só na pele, conta com 5 mil a 15 mil ohms.
Isso para dizer que mesmo se a aeromoça estivesse molhada do banho, o que facilitaria a passagem da corrente, e sem roupas (que também reforçam a resistência), a corrente não seria suficiente para matá-la.
Para a pesquisadora Maria de Fátima Rosolem do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD), uma das instituições contratadas pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para fazer os testes laboratoriais para certificar a segurança e homologar aparelhos eletrônicos no país, é improvável que a eletrocução tenha sido causada pelo carregador apenas.
“Pode ter havido algum problema com a rede externa ou uma descarga da rede elétrica no carregador, como em casos de raios que matam pessoas que estão usando um telefone comum durante uma tempestade”, diz, lembrando que a chance de passagem de eletricidade de um aparelho eletrônico para o seu usuário é “difícil”.
“A regulação, ensaios de homogação e certificação que eles têm de atender são parâmetros mínimos internacionais e servem justamente para que acidentes assim não aconteçam. Se não for um raio, é provável que aparelho não estivesse adequado a essas normas”, afirma.
Devemos evitar usar aparelhos eletrônicos carregáveis enquanto estiverem na tomada? “De forma nenhuma”, opina Rosolem. Os carregadores são equipamentos para limitar a corrente que transita por ele. “Não há problema algum, apenas aconselho que num dia de tempestade se desliguem os aparelhos da tomada, porque a descarga de corrente de energia pode vir não por culpa do equipamento, mas pela rede.”
Celular explode?
Nesta semana, outro caso chamou atenção. A suíça Fanny Schlatter declarou que teve sua calça rasgada pela combustão do Galaxy S3. Fanny teria ouvido uma explosão parecida com a de fogos de artifício, sentindo logo depois cheiro de substâncias químicas. Em seguida, suas calças pegaram fogo - ela foi acudida por sua chefe, Stephane Kubler, e por colegas de trabalho. Quando chegaram até a vítima, já havia chamas na altura dos ombros. Em seguida, Schlatter foi levada ao banheiro e os colegas conseguiram apagar o fogo, o que não impediu que a jovem ficasse com queimaduras de queimaduras de segundo e terceiro graus na coxa direita. A história foi narrada pelo jornal Le Matin.
A explicação para o caso é explosão da bateria, feita de um composto de lítio, que em contato com oxigênio ou umidade, pega fogo espontaneamente. Segundo Rosolem, o material, apesar da sua alta reatividade, é o melhor para a fabricação de baterias por ser pequeno, leve e capaz de armazenar uma grande quantidade energia durante bastante tempo. No entanto, há pesquisas hoje, motivadas principalmente pela criação do carro elétrico (imagine carros explodindo espontaneamente por aí), com o objetivo de encontrar composições com o lítio para diminuir os seus riscos de explosão.
Baterias de lítio possuem meios condutores de eletrólito que em altas temperaturas desligam o aparelho. Há ainda um pequeno circuito elétrico instalado em cada uma que auxiliam no controle da instabilidade interna. Componentes velhos, danificados por queda ou com defeitos na fabricação podem permitir a entrada de pó, umidade ou funcionar de maneira indevida e, assim, ocorre o curto-circuito e a bateria (lacrada) explode pela pressão. Segundo Rosolem, há inúmeros fatores que podem contribuir, inclusive a danificação do circuito de proteção pelo uso de carregadores não originais e, por isso, pondera que “a investigação de um problema desses não é simples”.
Regulação e cuidados
No Brasil, aparelhos celulares e tablets só podem ser vendidos no mercado se forem homologados pela Anatel. Isso implica que os equipamentos terão de passar uma bateria de testes feitos por laboratórios credenciados que atestarão a qualidade do produto. São objetos de análise o telefone, o celular e o carregador (em separado). Cada um recebe um adesivo com o símbolo da Anatel se aprovado (abra a tampa da bateria do seu celular e veja se ela não está lá). “São normas bem rígidas, tanto é que muitas empresas estrangeiras reclamam da burocracia do processo quando chegam por aqui, a homologação aqui é mais apertada mesmo”, diz a pesquisadora do CPqD.
Essa é a principal razão pela qual não se recomenda a compra de equipamentos “paralelos”, que não passam pela certificação da agência. “O aparelho pirata não é mais barato por mero acaso, é porque ele deixou de passar por algum processo importante de qualidade. Se for o dano for a diminuição do tempo de vida útil do aparelho ou da bateria, tudo bem; o real problema é quando a ausência de qualidade afeta a segurança”, diz Rosolem.
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