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campanha da Igreja Universal pelo filme “é
natural”
Se a Igreja Universal incentivou,
por meio dos cultos em suas unidades, que os fiéis corram ao cinema para ver Os Dez Mandamentos, primeiro filme
longa-metragem da Record, “qual é o problema?”, questiona Sérgio Marone, o
Faraó Ramsés, antagonista do enredo de Vivian OLiveira, baseado na história
bíblica. O ator conversou com o Estado logo após a exibição da sessão de
pré-estreia do filme, na noite desta terça-feira, no Shopping JK, em São Paulo.
O filme entra em cartaz a partir desta quinta, dia 28, em mais de 1000 salas
por todo o País, acumulando já mais de 2,5 milhões de ingressos vendidos em
sistema de pré-venda.
“Acho incrível. Qual é o problema de fazer isso?”, reforça
Marone. “É um produto da casa e a casa está incentivando que isso seja
consumido. A TV Globo ou a Revista Veja também não mandam a gente comprar
produtos embutidos com essas marcas todas? Isso é muito mais grave do que
convidar as pessoas a verem um produto da casa. Qualquer meio de comunicação
acaba fazendo isso e incentiva a algumas coisas muito ruins, como comer
enlatados, produtos embutidos, tantos apresentadores e tanta gente famosa
incentivam tanta gente a comer. O que é pior? A Globo também vende os produtos
dela.”
Conversei ainda com Denise Del Vecchio, Paulo Figueiredo e
Sidney Sampaio, o Josué, protagonista da continuação da história – A Terra Prometida, programada para
estrear após uma breve segunda fase de Os
Dez Mandamentos, prometida para março.
Nenhum deles acha plausível atribuir o sucesso das pré-vendas à
campanha da Universal ou à audiência meramente evangélica.
“Meu porteiro é um padre, de tão católico, e adorava ver a
novela”, conta Denise.
“Independentemente da religião, é uma grande história”, emenda
Sidney. “A obra tem uma grande qualidade, promover o filme dentro do grupo é o
que todo mundo faz, a propaganda é a alma do negócio”.
“O que eu acho bom mencionar como algo que transcende isso tudo
é a qualidade técnica e artística desse trabalho, que é monumental”, fala
Figueiredo. “Além do fato das pessoas que têm alguma tendência religiosa, as
pessoas vão ver. E é uma maneira de as pessoas entenderem a Bíblia, antes de
ler a Bíblia.”
Ao gravar um depoimento para as redes sociais da Record,
convidando a plateia a ver o filme, Marone cometeu ato falho ao agradecer “aos
deuses”. Vai na contramão de toda a mensagem transmitida pelo enredo de Moisés,
endossado pela crença de Edir Macedo, de que só um Deus deve ser venerado e
respeitado. E quem vai contra Ele, só há de se dar muito mal. “Eu sou
egípcio até o final”, brincou Marone, reforçando a trajetória de seu Ramsés,
personagem que nega a soberania divina única na qual acreditam os hebreus.
“O sucesso da pré-venda superou todas as expectativas, assim
como o sucesso da novela também superou todas as expectativas”, diagnostica o
ator.
O filme buscou uma narração exclusiva de Josué para emendar
determinados trechos que ficariam sem sentido na edição de tantas horas
condensadas em apenas 120 minutos. A exibição em tela grande só enalteceu a
primazia dos efeitos especiais e o HD não fez feio – ao contrário – na
ampliação das imagens, submetidas a um processo de remasterização.
Tecnicamente, em termos de imagens, a produção tem seu valor e justifica seu
sucesso. Já o enredo, seguindo à risca o maniqueísmo de um Deus que
castiga a todos que negam sua soberania, flerta um bocado com o didatismo, sem
brechas para a incompreensão do espectador. Afinal, se o título atingir de fato
os evangélicos mais fervorosos, estaremos falando de um público que, em geral,
não é de frequentar os cinemas, e não vai aí nenhum preconceito meu – esta
declaração me foi feita por um dos altos chefões da Record, sempre solicitando
anonimato.
Ao mesmo tempo, convém lembrar que o esmero em enredos de fácil
compreensão para fisgar grandes bilheterias também não é exclusividade das
produções bíblicas interessadas em fiéis. A Globo Filmes, afinal, capricha nas
comédias rasgadas para produzir aqueles robustos números de bilheterias. E
funciona
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